sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Dalva e Dito: o jeito simples do Chef Alex Atala cozinhar!

Se tem uma pessoa, nesse mundão, que conhece, pratica e dissemina a culinária brasileira como nenhuma outra, esta pessoa é o Chef Alex Atala. Tanto estudo e dedicação, fizeram com que o cozinheiro fosse reconhecido como o melhor Chef em atividade no nosso País. E aqueles que desejarem provar as suas delícias (algumas um tanto exóticas), podem dirigir-se ao sofisticado D.O.M., que, num menu degustação, oferece uma verdadeira viagem pelos sabores do Brasil, ou, então, irem ao mais modesto "Dalva e Dito", que trabalha com o sistema "à la carte".
Como ainda não criei coragem de pagar mais de R$ 500,00, por pessoa, numa refeição, fui introduzida ao mundo do Atala por meio do "Dalva e Dito".
Aqui, faço uma pequena observação: não se engane! Dalva não é a mãe ou a avó do Chef, assim como o Dito também não é o seu pai ou o seu avô. O garçom me explicou que a origem do nome da casa é a junção de "Estrela d'Alva" com "São Benedito", que, aceito na Ordem dos Franciscanos, inicialmente desempenhou a função de cozinheiro e, por isso, hoje, é conhecido como Padroeiro da categoria.
Embora o cardápio apresente opções de Norte a Sul do Brasil, para mim, é impossível não perceber a presença tão marcante do meu Nordeste, a começar pela decoração, com cadeiras que nos remete às feitas de palha; a parede com tonalidade alaranjada, que parece feita de taipa; e o terço gigante, que me lembrou a fé do meu povo em "Padim Ciço". É até engraçado como o rústico e o sofisticado se misturam tão harmonicamente pelo salão, anunciando, também, como será a refeição.



Para explorar toda a brasilidade do restaurante, ao invés do costumeiro drink à base de vodka ou sakê, a "Maria Bonita" (R$ 30,00), mistura arretada de cachaça orgânica Serra Limpa, suco de laranja, suco de limão siciliano e Monin Strawberry, me cativou.


É muito (mas põe muito nisso!) difícil eu utilizar o adjetivo "caro" quando estou avaliando um restaurante, pois posso imaginar todos os motivos que foram agregados na definição dos preços. Porém, quando se trata de couverts, salvo raríssimas exceções, esse adjetivo se faz bem adequado a qualificá-los, pois, em geral, o valor cobrado não condiz com o que está sendo oferecido. Por isso, é muito improvável que eu e o Daniel aceitemos tal oferta. Assim sendo, no "Dalva e Dito", o garçom perguntou: "-Aceitam o couvert?", e nós dois, vendo uma cestinha de pães e uma latinha da manteiga Aviação, respondemos em uníssono: "-Não! Vamos pedir uma entrada!".
Ainda que seja uma criação de Alex Atala, sabe quando eu vou pagar R$ 34,00 numa tapioca de carne-seca com catupiry? Ou R$ 30,00 noutra recheada de queijo coalho com melaço de cana? Nunca (será que um dia eu mordo a língua? Pode ser! Rsrsrs)! Gente, eu sou nordestina, cresci comendo tapioca. Tapioca é praticamente tão comum para mim quanto um pão com manteiga. Então, vamos escolher outra coisa!
Os mini-pastéis chamaram a minha atenção. Tinha de vatapá com camarão e de carne-seca com abóbora e catupiry, ambas as porções por R$ 27,00 cada. Porém, acabamos decidindo experimentar a "Carne-seca acebolada com manteiga de garrafa". A porção é bem servida e pode ser tranquilamente compartilhada. Vem acompanhada de míseras quatro fatias de pão torrado. A carne estava bem desfiada e primorosamente temperada, com cebola, cebolinha e pimentões verdes cortados à julienne, que, de tão finos, pareciam quase imperceptíveis, a não ser pela perfumada que conferiram ao prato. E, para não ser injusta, embora em quantidade assustadoramente pequena, as torradinhas estavam crocantes e saborosas, já que besuntadas com manteiga e queijo ralado.



Na hora de escolher o prato principal, fiquei novamente em dúvida: "Bife de carne de sol com mandioca rústica gratinada" (R$ 75,00) ou "Moqueca com frutos do mar, arroz branco e pirão" (R$ 95,00). Quer a moqueca? Você pode optar entre a versão capixaba, com óleo de urucum, ou a baiana, com azeite de dendê e leite de coco. O coentro é opcional.
No fim, a escolhida foi a moqueca baiana e com coentro, que paulista abomina, mas que eu gosto muito. Pedi para prepararem com mais camarão do que lula e polvo, e meu desejo foi atendido. A moqueca é simplesmente M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!! Bem encorpada e de sabor intenso, na linha limítrofe entre o agradável e o apimentado. Dá para entender porque é um dos pratos mais pedidos do estabelecimento.



O Daniel não teve a mesma sorte com o prato selecionado, o "Porco na lata com purê de batata e pequi" (R$ 79,00). Ele gosta de ousar e provar coisas incomuns, mas, pela descrição ("costela e paleta de leitão confitados e combinados com o exótico pequi do Cerrado brasileiro"), já dava para perceber que a pedida estava fadada ao insucesso. E eu explico o porquê. Embora a expressão "confitado" signifique cozinhado lentamente em gordura; ela também pode ser utilizada no sentido de banhado em açúcar. Eu não sei se o porco foi cozinhado lentamente, em baixa temperatura, mas sei que ele estava adocicado. E o Daniel odeia a combinação do doce com o salgado. Eu provei um pedacinho muito pequeno, pois achei que o doce não cairia bem com o meu prato tão condimentado. Achei o sabor meio estranho, tanto do suíno quanto do purê, mas, pela quantidade que comi, fica realmente difícil avaliar.


De sobremesa, tinha umas opções muito simples, pelo menos na descrição. Havia tapioca, Romeu e Julieta e vários sorvetes. Nós acabamos preferindo ir ao Ben & Jerry's, que fica próximo do restaurante.
Resultado final: atendimento cortês, casa bem decorada e comida extremamente saborosa, desde que você acerte na escolha (o que vale para praticamente todos os restaurantes!). A experiência foi bem agradável e, com certeza, eu repetirei...

INFORMAÇÕES:
Dalva e Dito
Rua Padre João Manuel, 1115 – Cerqueira César
Fone: (11) 3068-4444


Leia também sobre o Mocotó, outro restaurante brasileiríssimo! ;o)

domingo, 11 de outubro de 2015

Le Bife: carnes bem acompanhadas!!!


Assim que vim morar em São Paulo, eu aproveitava muito a "Restaurant Week", pois representava uma oportunidade de conhecer restaurantes caros a um preço fixo e acessível. Com o tempo, a impressão que me deu foi que o evento passou a servir de vitrine para que estabelecimentos iniciantes ou sem expressão ganhassem visibilidade. Aí, ainda que tivéssemos algumas surpresas extremamente agradáveis, outras poderiam ser desastrosas. E, na verdade, a equação "custo X benefício" já não se mostrava tão atrativa quanto outrora. Assim, fiquei anos sem dá a mínima bola para a "Restaurant Week".
Com a edição atual prestes a começar, uma colega de trabalho perguntou se eu não tinha nenhum restaurante para indicar. Fui analisar os participantes, para auxiliá-la na escolha, e meu interesse foi resgatado, pois encontrei alguns estabelecimentos bem interessantes, como, por exemplo, "Templo da Carne - Marcos Bassi", "CLOS" e "Antonietta Empório", que são casas que eu ainda não conheço, mas que estão na minha “wishing list”.
No final, acabei decidindo ir conhecer o novo restaurante de consultoria do Chef francês Erick Jacquin, o "Le Bife". Critérios de escolha: opções de pratos do meu agrado e preço realmente convidativo.
O "Le Bife" oferece aos comensais, na "Restaurant Week", as seguintes opções:
ENTRADA: "Salada com nozes" ou "Grand carpaccio à moda Bergamo com folhas verdes e parmesão";
PRATO PRINCIPAL: "Steak Tartar de filé mignon, cortado na ponta da faca, com batata frita" ou "Filé mignon suíno ao molho de mostarda com rodízio de guarnições"; e
SOBREMESA: "Shot de Vacherin de morango" ou "Creme de papaia".
Eu comeria facilmente qualquer uma das opções! Menu aprovado, hora de comparar os preços.
Entrei no site do estabelecimento (www.lebife.com.br), que tem o cardápio completo, e, numa conta rápida, sem levar em consideração o pagamento de 10% e as bebidas, percebi que se eu e o meu marido dividíssemos um Grand Carpaccio de entrada (R$ 42,00) e pedíssemos um Steak Tartar (preço por porção: R$ 49,00) e um Creme de papaia (valor unitário: 18,00) para cada um, gastaríamos R$ 176,00. Na "Restaurant Week", cujo preço fixo do menu completo de jantar é R$ 52,90, pagaríamos R$ 105,80. Uma economia de R$ 70,20? Tá valendo! Fiz a reserva pelo próprio site do evento (www.restaurantweek.com.br) e fomos jantar.
O salão do “Le Bife” tem uma decoração simples e informal, com madeira, espelho e muitos escritos, que apresentam o conceito e o cardápio do restaurante.
Para beber, há opções para todos os gostos (vinhos, destilados, drinks, sucos, cervejas e refrigerantes). Eu escolhi uma sakerinha de morango (R$ 19,00). Visualmente, parecia que teria apenas gosto de sakê, pois estava bem transparente e com bastante gelo. Mas os morangos souberam conquistar o seu espaço e a bebida se mostrou do meu agrado.


Para começar, pedi o "Grand carpaccio à moda Bergamo com folhas verdes e parmesão". Eram apenas 4 fatias finas de carne, molho de mostarda, alcaparras, folhas verdes e lascas de parmesão. A combinação era equilibrada, com uma quantidade ideal de parmesão e de molho.


Meu escolhido como prato principal foi o "Filé mignon suíno ao molho de mostarda com rodízio de guarnições". A carne estava perfeitamente grelhada, macia e suculenta. O molho de mostarda Dijon não estava cremoso, mas veio com sementes de mostarda e esbouçou personalidade. O Daniel provou e não gostou muito, mas eu achei bom.


As guarnições são um show à parte. Embora sejam essencialmente simples, são bem executadas e extremamente saborosas. No prato, a carne veio acompanhada de meio tomate assado e batatas fritas robustas. Dois ramequins foram levados à mesa com purê de batata e farofa crocante de farinha biju, com um toque de bacon. E os garçons passaram servindo cebolas pequenas glaceadas (sutilmente apimentadas e, ao mesmo tempo, adocicadas), arroz soltinho com ciboulette e espinafre ao alho e óleo (bem temperado).


O Daniel se deu bem! Em que pese ter pedido o Steak Tartar, os garçons ofereceram a ele todas as guarnições que acompanhavam o meu prato. Numa mesa ao lado, em que a mãe pediu o filé suíno e a filha o tartar, aconteceu a mesma coisa. Já noutra mesa, em que o casal pediu o tartar, nenhuma guarnição extra foi ofertada.
Eu e o Daniel também divergimos na sobremesa, ele escolheu o "Shot de Vacherin de morango", que veio sem suspiro, pois estava em falta, e eu fiquei com o "Creme de papaia". Parece que faltou paciência na hora de preparar a minha sobremesa, pois o creme foi servido cheio de pedaços de papaia.


No final, achei válida a experiência. Comida boa, garçons simpáticos e ambiente agradável. Minha carne estava do jeito que eu gosto, macia e bem passada. E as guarnições estavam tão boas, que eu poderia ter passado a noite toda só as degustando. As sobremesas decepcionaram um pouco, mas nada que comprometesse o saldo final do jantar.
Carnívoros, reservem as suas mesas, pois carnes bem acompanhadas os aguardam no “Le Bife".     

Informações
Le Bife
Rua Pedroso Alvarenga, 1088 - Itaim Bibi
Fone: (11) 4324-0783

Avaliações de outros restaurantes dos Jurados do MasterChef Brasil:
Sal Gastronomia” do Chef Henrique Fogaça;
Tartar & Co” de consultoria do Chef Erick Jacquin.

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domingo, 4 de outubro de 2015

Restaurante Tartar & Co do "MasterChef" Erick Jacquin

A primeira vez que comi Steak Tartar foi em Budapeste, pois um amigo disse que era um prato super comum na região, muito bem executado e que eu não poderia deixar de provar. Então, no primeiro restaurante que entramos, eu e o meu marido pedimos a iguaria. Embora já faça 2 anos, eu me lembro exatamente da montagem do prato. No centro, aquele montinho de carne picada, com uma gema crua em cima, e, ao redor, vários temperos, para que adequássemos o tartar ao nosso paladar. Passado o susto inicial, “imobilizamos” a gema, pois era nojenta demais para a nossa imaginação, e começamos a brincar com a carne e as especiarias. Resultado: um sabor realmente surpreendente!!!
Tendo me tornado uma verdadeira apreciadora de tartar, longe de parecer um desafio, ir ao restaurante Tartar & Co soou extremante tentador, além do mais, sabendo que o Chef responsável pela elaboração do cardápio é o perfeccionista Erick Jacquin, jurado da versão brasileira do MasterChef.



A casa, que fica em Pinheiros, tem uma decoração moderninha e descolada. Os garçons são extremamente atenciosos. E, no cardápio, além das estrelas da casa (tartares de carne, atum e salmão), encontramos pratos de carne e peixe.
Eu dou um conselho: não se deixe levar pelo medo de contrair uma intoxicação alimentar nem pela repulsa à carne crua! A mistura da carne com a mostarda, a cebola picada e as ervas funciona muito bem, enchendo os olhos e exalando um sabor único. Vale a pena provar!!!
Para beber, pedi uma Caipiroska de morango e tangerina. O drink era bom, mas faltou uma disputa maior entre os sabores, para conferir mais personalidade à bebida.


Em casa, eu já havia esmiuçado o cardápio. Assim, cheguei sabendo exatamente o que eu iria pedir em cada etapa da refeição. Entretanto, houve um acréscimo e uma alteração, afinal, a gula sempre está fadada a cair em tentações.  
De entrada: pastéis de steak tartar (R$ 26,50). A massa é frita sem recheio, depois, cortada ao meio e recheada. Massa crocante e sequinha com um tartar fresquíssimo e delicioso. O garçom nos explicou que o tempero deste recheio é igual ao do Steak Tartar servido como prato principal, a diferença entre eles é que a carne do recheio do pastel é moída e a do prato é cortada na ponta da faca.


Olhando o cardápio, as bolinhas de queijo brie chamaram a nossa atenção e não resistimos. A porção custa R$ 30,50 e é composta por 5 petiscos. A bolinha, que, na verdade, trata-se de queijo brie empanado e frito, é leve, com o queijo totalmente derretido e acompanhada de geleia de pimenta dedo-de-moça. Dá vontade de sair quicando de tanta gostosura. Começamos bem!!!


Para fugir do convencional, na hora do prato principal, escolhi o tartar de salmão, com guacamole e salada verde (R$ 46,00). O salmão picado, perfeitamente temperado com cebola e ervas frescas, harmonizou bem com a guacamole cremosa. No entanto, a salada decepcionou, faltou ousadia no molho, sem gosto e em pequena quantidade.


A minha ideia inicial era pedir o tartar de profiterole de sobremesa, mas sucumbi aos ovos nevados com caramelo e baunilha (R$ 19,00). Uma nuvem extremamente leve de claras, um creme de baunilha com toque de laranja e um zig-zag de caramelo. Estava gostoso! Dava para ver as sementinhas de baunilha boiando no creme, o que sempre me alegra. Todavia, o creme mais parecia uma calda. Para a sobremesa ficar perfeita, o creme deveria estar mais consistente e servido em maior quantidade, para acompanhar proporcionalmente o tamanho do “suspiro”.


A experiência foi agradável! Porém, a comida está longe de ser excepcional. Vale para quem gosta de tartar e bistrôs ao estilo parisiense. Ah... e, também, para quem quer provar as criações do Jacquin.

Informações:
Tartar & Co
Av. Pedroso de Morais, 1003 – Pinheiros
Site: www.tartarandco.com

Mais restaurantes de Jurados do MasterChef Brasil:
Sal Gastronomia” do Henrique Fogaça;
Le Bife” de consultoria do Chef Erick Jacquin.

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