No mundo gastronômico, uma das
revistas mais conceituadas e aclamadas é a inglesa “Restaurant”, que,
anualmente, causa alvoroço ao anunciar a lista dos 100 melhores restaurantes do
mundo. E a América Latina também tem a honra de ter seus 50 melhores
restaurantes revelados pelo periódico.
Embora a premiação traga
reconhecimento para os Chefs e divulgação para os estabelecimentos
condecorados, ela também causa muitas controvérsias.
Existem pessoas que não dão a mínima
para essas listas e outras que, simplesmente, as abominam. Por um lado, eu até compreendo
essas pessoas, afinal, muitas vezes não se sabe quem faz essas listas e quais são
os critérios utilizados.
Em uma palavra, eu diria que elas são
subjetivas. É muito complicado, num mundo do tamanho do nosso, com as milhares
de opções que ele oferece (caros, baratos, simples, sofisticados, que servem
comida italiana, mexicana, japonesa etc.), conseguir listar fielmente quais
são os melhores restaurantes.
Não sei se por excesso de franqueza, ataque
de modéstia ou apenas para não soar arrogante, Ferran Adrià, que teve seu
extinto “El Bulli” eleito por 5 vezes o melhor restaurante do mundo, assim se
pronunciou: “O melhor restaurante do mundo não existe. É besteira dizer que o
El Bulli é o melhor. Não é uma coisa que se pode medir. Não é como vencer a
prova de cem metros rasos. Só se pode falar sobre o mais criativo, o mais
influente.” (Livro “Gurus da Gastronomia” de Stephen Vines).
Mas... digam o que quiserem, a
verdade é que eu sou louca por essas listas!!! Porque, ainda que existam
estabelecimentos melhores ou cujos pratos me agradem mais do que os preparados
pelos selecionados, a probabilidade da comida e do atendimento dos
templos condecorados serem bons é muito grande e, geralmente, são
escolhidas casas que já se firmaram no mercado e cujos Chefs têm currículos invejáveis.
Por isso, acredito que vale sim dá uma chance aos restaurantes que figuram nas
famosas classificações da Restaurant.
Em 2014, a cidade de Lima, no Peru,
acabou se destacando mais do que as outras pelas posições alcançadas, no
entanto, Buenos Aires foi quem mais inseriu representantes na lista dos 50
melhores restaurantes da América Latina. E, das 11 enumeradas, na minha última
viagem, tive a oportunidade de conhecer 4 delas. Uma foi o “La Cabrera”, sobre quem
eu já escrevi no post passado e que ficou na 22ª colocação. Nos textos
seguintes, falarei sobre o Aramburu (14º lugar) e o Tegui (9º). E, hoje, me
debruçarei sobre o Oviedo, que abocanhou a 29ª posição.
O restaurateur
Emilio Garip vai pessoalmente à feira e cuida meticulosamente da seleção dos
ingredientes, por isso, hoje, o Oviedo se destaca pelos seus pescados sempre
frescos e preparados com cuidado e técnica.
Como alguém que conheceu a casa, eu
aconselho: não tenha medo de, na terra da carne, abrir uma exceção e ir comer
frutos do mar, porque, no Oviedo, você irá se surpreender com a qualidade, o
aroma e o sabor dos pratos que compõem o cardápio. E, se não houver jeito de
deixar a carne de lado, você encontrará, no menu, a exótica carne de javali, o
tradicional lomo (filé mignon) ou o
delicioso ravióli de cordeiro, que provei de outra pessoa e estava com a carne
estupidamente macia e saborosa.
O salão tem uma decoração clássica e
elegante e o atendimento (que na Argentina costuma ser mediano) é primoroso,
com garçons atentos e sempre acessíveis.
Para garantir a nossa mesa, fiz a reserva através do
e-mail reservas@oviedoresto.com.ar, com mais ou
menos 1 mês e meio de antecedência. Fomos numa quinta-feira e a casa não lotou.
Acredito que, ainda que você não faça reserva, seja viável conseguir uma mesa
sem precisar esperar por muito tempo. Sem agendamento, de preferência, chegue
cedo (até umas 20:30). Percebi que, em Buenos Aires, as pessoas costumam jantar tarde.
O cardápio possui opções de entradas quentes
e frias, mas nós ficamos apenas com o pequeno couvert servido espontaneamente pela
casa. Assim que sentamos, trouxeram rapidamente um copo com lascas crocantes e
sutilmente temperadas com pimenta e um pouco de gaspacho de tomate (sopa fria à
base de hortaliças e tomate – lembra um pouco um vinagrete batido) para chucharmos as lascas.
Depois, veio um leve creme quente também de tomate (não se deixe enganar pela foto, não é um pratão).
Para beber, pedi um Mojito. Não achei
harmônica a mistura de rum, água com gás, hortelã e açúcar, mas não posso negar
que estava refrescante. Quem manda, num restaurante com uma excelente carta de
vinhos, pedir um drink? Acho que preciso rever os meus conceitos... ou melhor,
as minhas preferências (rsrsrs)!
Na hora do prato principal, o
escolhido foi o “Risotto com Langostinos”. Um bem executado e cremoso risoto de
camarões, com o arroz quase deixando de ser al
dente e um camarão com a carne bem macia. Não se espantem com o tamanho do
prato! Eu o dividi com a minha sogra (que come tanto quanto eu!), então, a foto representa apenas meia porção.
O Daniel pediu o peixe do dia com
quinoa salteada e camarões. Exalando frescor, o pescado estava perfeitamente
selado, crocante por fora e se desmanchando por dentro.
Não tivemos a mesma sorte com as
sobremesas. Achei o crème brûlée sem gosto e com pouco açúcar maçaricado. E odiei
saber que a “Isla Flotante” era servida com calda de maracujá, ao invés do
creme de baunilha ou do doce de leite que eu imaginei. Reconheço que, com relação
a última sobremesa, o problema não foi o sabor ou o modo de preparo, mas
simplesmente o componente que não agrada ao meu paladar: a calda de maracujá, que cobria toda a porção de ovos nevados.
Com o café, foram servidos diversos petit fours, que poderiam ser mais
graciosos.
Apesar dos doces não serem o forte da
casa, vale a visita pelos pratos principais que servem e os vinhos que têm na
adega.
INFORMAÇÕES:
Oviedo
Antonio Beruti, 2602 (1425)
Fone: +54 11 4821-3741
Reservas: reservas@oviedoresto.com.ar
Segue a lista
com todos os posts sobre Buenos Aires:
Confira,
ainda, os posts sobre Córdoba:
Nenhum comentário:
Postar um comentário