Quando começamos a
programar nosso feriadinho em Gramado, rapidamente cheguei ao “La Table D'or Mediterranée”,
que, na época, estava cotado como o melhor restaurante de Gramado pelo site de
turismo TripAdviso. As avaliações eram tão
positivas, de pessoas tão deslumbradas com o serviço e a qualidade da comida,
que imediatamente fiquei interessada.
Entrei no site da
casa, vi o cardápio, achei o preço condizente com o que era ofertado e acabei
por fazer uma reserva, com dois meses de antecedência.
Chegando lá, o
atendimento realmente foi de primeira. Com a hostess abrindo a porta para nós,
nos levando até à mesa, puxando a cadeira para mim e guardando a minha bolsa.
Os garçons também foram muito polidos e pacientes, tirando todas as nossas
dúvidas. E a decoração clássica, nas cores preto e prata, revelou-se um
verdadeiro charme. Pensei: “a noite promete!”.
No entanto, bastaram
que os pratos começassem a desfilar pela nossa mesa para que percebêssemos que
alguma coisa estava errada. A comida, sem dúvida, era bem apresentada; porém,
com alguns exemplares insossos e de execução irregular, e nenhuma delas
extremamente saborosa.
A casa trabalha com
serviço à la carte; “Menu Sugestão”, em que, dentre várias opções, o comensal
escolhe duas entradas, um prato principal e uma sobremesa, pagando R$ 85,00; e
um “Menu Degustação” em 8 etapas ao custo de R$ 98,00.
Quando o garçom
entrega os cardápios, com o auxílio de um iPad, explica todas estas possibilidades,
exibindo as fotos de todos os pratos. A técnica, a princípio, agrada, afinal,
comemos primeiro com os olhos. Todavia, antes que ele chegue na metade da demonstração,
você já está entediado(a) o suficiente, a ponto de torcer que ele acabe logo e
te deixe à sós com o(a) seu(ua) parceiro(a).
Eu e o meu marido
optamos pelo Menu Degustação, que teve início com o “Consommé Méditerranée”,
consommé de alho-poró ao creme e ervas finas. Dizem as más línguas que o caldo
entitulado de consommé não passa de uma água suja (rsrsrs), o que eu não posso
discordar. Por isso, achei bem interessante a proposta do Chef de incrementá-lo
com um creme e aromatizá-lo com ervas, o que o tornou mais robusto e sutilmente
temperado.
Em termos de beleza,
achei que o prato seguinte foi o que mais se destacou: “Champignon Paris”,
champignon Paris com recheio de catupiry e parmesão ao Sauvignon Blanc e ervas
finas. A apresentação estava linda, mas achei o prato bem sem graça. Não tinha
sabor de catupiry nem de parmesão, só de vinho e cogumelo (que, só para
constar, não é algo que me agrade). O Daniel achou bem saboroso e que estava no
ponto correto. Complementou dizendo que pediria novamente.
Até este momento,
embora não tivéssemos provado nenhuma iguaria D-E-L-I-C-I-O-S-A, posso dizer
que o jantar estava correndo dentro do esperado. Foi apenas com a entradinha
seguinte que as coisas começaram a sair dos eixos.
O cardápio tem uma
descrição bem poética dos pratos, o que faz, inevitavelmente, o cliente fantasiar
que sabores e texturas eles apresentarão.
A terceira e última
entrada foi “Siri ao Béchamel”, descrita como siri com molho Béchamel
gratinado. Com essas palavras, imaginei algo cremoso e suculento. Entretanto,
tratava-se de uma casquinha normal de siri, temperado com azeite de oliva. Não
era ruim, mas eu esperava molho branco e não óleo. Pelo menos, o siri estava
bem desfiado e sem resquícios de casca.
As entradas eram
pequenas, mas em tamanho proporcional ao que ainda seria servido.
O primeiro prato
principal, conforme informação do garçom, é o carro-chefe da casa: “Crevettes
et Truffes aux Formages”, camarões grelhados com trufas de mussarela e
manjericão ao molho quatro queijos. O camarão estava bem temperado e grelhado
com perfeição. O molho era corpulento e muito saboroso. No entanto, a massa
recheada estava completamente insossa, sendo impossível degustá-la sem a
companhia de bastante molho.
A medida que a noite
ia avançando, um misto de desânimo e ansiedade foi invadindo o meu ser. Eu
tentava reagir, torcendo para que o próximo passo da degustação fosse “o prato”,
a verdadeira surpresa da noite. Mas, infelizmente, isso não aconteceu.
Em seguida, foi servido o “Bacalhau Méditerranée”, bacalhau em lascas, azeite de
oliva, vinho branco, champignon, batata palha, azeitonas, salsinha e arroz
coberto de castanha de caju. As lascas do bacalhau eram tão inexpressivas que
pareciam, na verdade, bacalhau desfiado, dando a impressão de ter se originado
das sobras de uma boa posta, e não desta. O sabor era aceitável, no entanto, a
apresentação estava um tanto desleixada.
Como último prato
principal, provamos o “Médallion à Fraise”, medalhão de filé grelhado com molho
de morango reduzido com acento balsâmico e flambando com Cointreau, servido com
penne ao molho quatro queijos. A carne estava macia e o molho de morango era
gostoso. O penne, todavia, tinha passado, e muitooo, do ponto, ficando
desagradavelmente mole. Ademais, ainda que o penne tivesse sido servido no
ponto de cozimento certo, eu teria achado, como de fato achei, um
acompanhamento duvidoso para o filé, já que os molhos, ao invés de
harmonizarem, disputavam a atenção do comensal.
Iniciando a hora
mais doce da noite, saboreamos o “Sucrérie du Lait”, que foi apresentado como
doce de leite, mas era uma suculenta ambrosia.
Para finalizar,
tínhamos três sabores de “Crème Brûlée” a nossa disposição: chocolate, pistache
e baunilha. Eu escolhi o tradicional e o Daniel preferiu o de pistache, que
foram maçaricados na mesa, pelo garçom.
Como “prêmio de
consolação”, a noite serviu para confirmar uma “tese” que eu já havia elaborado
há algum tempo: “Em termos de restaurante, não dá para confiar 100% nas
avaliações do TripAdvisor! É preciso buscar em sites e blogs especializados a
real situação do empreendimento, principalmente, se você é daqueles
consumidores mais exigentes.”
Por fim, para não
parecer injusta, esclareço que o “La Table D'or Mediterranée” não é um restaurante ruim, tem
um atendimento cordial e um ambiente aconchegante, porém, precisa de mais
atenção com a elaboração do cardápio e a preparação da comida. Com pequenos
ajustes, com certeza, conseguirá oferecer o que se propôs a fazê-lo: ser um
restaurante que pratica a alta gastronomia francesa. Afinal de contas, não
adianta uma casca (atendimento e salão) lustrosa e sem ranhuras se o miolo
(comida) não for doce e sedutor.
INFORMAÇÕES:
La Table D’or Mediterranée
Rua da Carrieri, 525,
Lago Negro, Gramado – RS
Tel.: (51) 8151-8191
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