A cerveja é a bebida
alcoólica mais consumida no mundo e seu 2º maior produtor é os Estados Unidos,
que perde apenas para China. E este posto ocupado pelo país norte-americano se
deve, em muito, ao surgimento de várias microcervejarias espalhadas pelo seu
território, responsáveis pela produção de cervejas artesanais, com aromas e
sabores diferenciados.
O povo americano,
extremamente patriota, tem consumido quase que exclusivamente cervejas
nacionais. E nós, na nossa viagem de fim de ano, tentados a descobrir mais esta
especialidade americana, aproveitamos para conhecer as três microcervejarias
localizados na Rota 151 (Nelson 151): Blue Mountain Brewery, Devils Backbone
Brewing Company e Wild Wolf Brewing Company.
Primeiramente, antes de
começar a descrever nossas experiências gastronômicas e etílicas, preciso fazer
duas observações:
1ª) fomos apenas
almoçar ou jantar nos restaurantes das cervejarias e conhecer e provar suas
criações líquidas, não participamos de nenhum tour, nem tomamos conhecimento do
processo de fabricação;
2ª) como dito no post
anterior, não bebo e não aprecio cerveja, embora meu querido marido se esforce
arduamente para mudar esta realidade. Portanto, quando for falar das cervejas,
utilizarei as impressões do meu cônjuge, Daniel, que entende mais dessa bebida
do que eu de comida, pois, além de estudar constantemente, já fez cursos de
degustação e fabricação caseira, bem como já bebeu 1.028 cervejas diferentes
(todas devidamente catalogadas, frise-se!).
Esclarecimentos
iniciais prestados! Passemos as análises…
I.
BLUE MOUNTAIN BREWERY
Fomos almoçar nesta
microcervejaria no dia 24 de dezembro e a casa nos recebeu com uma decoração
natalina na tonalidade azul, como não poderia deixar de ser.
Com um grupo de 13
pessoas e o restaurante sem aceitar reservas, chegamos cedo para conseguir
lugar sem ter que esperar. Acabamos sendo acomodados em duas mesas fixas que
ficavam uma ao lado da outra.
O cardápio é bem
jovial, oferecendo várias opções de entradas, saladas, sanduíches e pizzas.
Para começar, pedimos duas porções de "BMB Nachos" (tortillas chips caseiras
servidas com queijo temperado com cerveja e pimenta, feijão preto, milho, salsa
e jalapeños, finalizadas com sour cream) e de "Spinach-Artichoke Dip" (creme
composto de alcachofra picada, espinafre em tirinhas, queijo, alho, sour cream
e tomate seco, gratinado com mussarela e parmesão, servido com tortillas chips
caseiras).
Olhando para os nachos,
vocês podem se perguntar: que gororoba é essa? Trata-se de um prato tipicamente
mexicano e, por incrível que parece, os sabores acabam se harmonizando. E o
"doritos" chuchado (como diz o meu maridinho) no dip de alcachofra com
espinafre fica bem gostoso. Só tenho uma observação a fazer: o dip poderia ser
menos consistente. É impressionante como a tortilla de milho neutra harmoniza
com vários sabores, sendo os mais comuns chilli com carne e dip de cheddar.
Nos EUA, é uma questão
de segundos para sairmos da linha, pois a variedade de guloseimas é incrível.
Já tendo exagerado nas entradas, não quis pedir sanduíche de prato principal.
Optei por uma tradicional salada caeser (que é uma das minhas preferidas) acompanhada
de tirinhas de frango grelhado.
Nos restaurantes e
bares que funcionam em conjunto com fábricas de cerveja, é bem comum encontrarmos
nos cardápios o que os americanos chamam de "sampler flight", que nada mais é
do que uma degustação de todas ou algumas cervejas produzidas no local. No caso da Blue Mountain Brewery, o
menu apresentava apenas uma opção de sampler flight, que custava $ 9,00 (nove
dólares) e continha amostras (copinhos de 75 ml) das 10 criações da marca: Blue
Mountain Kolsch 151, Blue Mountain English Pale Mild Ale, Blue Mountain Full
Nelson Pale Ale, Blue Mountain Evan Almighty, Blue Mountain Riprap Pale, Blue
Mountain Cheer Beer, Blue Mountain Lights Out, Blue Mountain MacHayden’s Wee
Heavy Scotch Ale, Blue Mountain Marsedon e Blue Mountain Foreign Stout.
O
Daniel, que gosta bastante do estilo American Pale Ale, adorou a versão Blue
Mountain Full Nelson Pale Ale, que é o carro chefe da marca. Meu primo, que
toma cerveja como um brasileiro comum, ou seja, gosta do estilo Standard
American Lager, erroneamente chamado de Pilsen no Brasil, preferiu a Blue
Mountain Kolsch 151.
II.
DEVILS BACKBONE BREWING
COMPANY
Saindo de Wintergreen
em direção à Rota 151, a primeira microcrevejaria que avistamos é a Devils
Backbone. Talvez esse seja um dos motivos dela ser a mais concorrida das 3, mas
eu arriscaria dizer que o motivo principal é o seu cardápio, que vai muito além
dos appetizers e sanduíches.
Espaçosa e toda
decorada com animais empalhados, nas mais diversas posições. É possível ver
ursos pretos (lindos!), renas e veados dispostos pelo enorme salão.
De entrada, pedimos,
mais uma vez, nachos (tortillas cobertas com pimenta moída, feijão preto,
queijo picante e pico de gallo) e "backbone wings" (asinhas de frango com ervas
e molho barbecue).
Se você já visitou os
Estados Unidos, deve ter percebido que as porções servidas em restaurantes, de
um modo geral, são bem grandes. O que é bem legal para quem come muito e meio
constrangedor para quem, como eu, se satisfaz com pouco.
Na hora de escolher o
prato principal, eu e minha mãe resolvemos dividir. Até bem pouco tempo atrás, eu notava que
os americanos não gostavam dessa história de repartir, mas, dessa vez, não
percebi aborrecimento nenhum. Talvez estejam mudando um pouco seus hábitos
alimentares. O que, além de necessário, é muito saudável!
Escolhemos uma salada,
composta de alface americana (e a "pergunta cretina" sempre era: será que eles
também chamam de alface AMERICANA?), pepino, bacon bits, tomate levemente
assado, cebola vermelha, molho de ervas e farofa de blue cheese. Pedimos,
ainda, meio frango temperado com alho, páprica e alecrim, assado com glacé de
bacon-honey mustard (deliciosa!) e acompanhada de couve-de-bruxelas e pão de
milho doce, feito com batata. Esse pãozinho tinha consistência de bolo e, por
incrível que pareça, harmonizou com a galinha, revelando-se uma guarnição
perfeita.
Chega até a ser irônico
deixar para falar das bebidas por último, após narrar toda a refeição, pois,
nos EUA, os garçons anotam primeiro o pedido das bebidas e depois voltam para
anotar todo o resto. Em um caso ou outro, com um pouco de insistência de nós, os clientes, e simpatia do garçom, conseguíamos pedir bebidas e entradas
simultaneamente. Como estávamos num grupo grande, foi fácil notar esse fato,
algo que, até então, nunca tinha percebido.
Para bebericar, escolhi
uma marguerita chamada de "Blood Orange" (numa tradução literal: laranja de sangue),
o drink resultava de uma mistura de tequila, uma espécie de laranja com cor de
sangue, limão e um xarope que não sei ao certo de que era (sage syrup... seria
xarope de sálvia?). Coquetel refrescante e saboroso. Com certeza, pediria bis
(se não fosse tão fraca!).
A Devils Backbone
Brewing Company produz 12 cervejas, servidas na forma de chopp no brewpub. Não há
opção única de degustação! Para provar todas, é possível pedir um copo de cada
uma (lógico!) ou 3 sampler flight com amostras de 4 cervejas cada um. Apesar de
ter pedido apenas 2 degustações, o Daniel acabou provando as 12, pois se
aproveitou das amostras pedidas por outras pessoas. A favorita foi a "Eight Point IPA", uma
American IPA.
III. WILD WOLF BREWING COMPANY
Na propriedade da Wild
Wolf, encontramos o prédio do restaurante, interligado à cervejaria, e umas lojinhas, que
comercializam, dentre outras coisas, gifts, temperos e acessórios. Eu diria que
é uma vila bem charmosinha, com um laguinho e um moinho de água no meio.
Nossa mesa, para 10
pessoas, ficou no salão de entrada, onde fica o balcão com os souvenirs (placa,
copo, camisas...) da marca. O estabelecimento é bem dividido. Tem, ainda, um
bar nos fundos, um salão adaptado para o frio na área lateral externa e uma
varanda na frente, que deve ser bem concorrida no verão.
O cardápio é bem
farto, com várias opções de entrada, sanduíches, pratos e sobremesas. Como fomos à
noite, acabei optando por um sanduíche recheado com frango desfiado com molho
barbecue, acompanhado de coleslaw (salada de repolho com maionese que eu A-M-O!) e batata doce frita. Eu simplesmente adoro tubérculos
(batata, batata doce, mandioquinha...) em suas mais distintas formas: cozidos,
fritos ou amassados (purê)! O frango estava bem macio e o molho barbecue suave
e delicioso.
As 11 cervejas da casa
estão separadas em 2 sampler flights:
1º) com 5 beers da casa ($ 5,00): american
pilsner, blonde hunny ale, wee heavy, dry stout e alpha ale;
2º) com 6 cervejas sazonais ($ 6,00): berliner Wolf,
area 151 with peaches (com pêssego), wild wolf bitter, the local wolf,
exquisitely evil ale e American stout.
Danzinho pediu as duas degustações,
afinal, não quer perder nada. A cerveja que mais gostou foi a exquisitely evil
ale. Entretanto, das três fabricantes, essa foi a que ele achou mais fraca.
Mesmo não gostando de
cerveja, adorei os nossos passeios (pois estava com a minha família e aí tudo
fica maravilhoso!) e recomendo a quem estiver na região que aproveite cada um desses restaurantes e, gostando de cerveja, prove todas elas.
Em Wintergreen é assim, dá para passar o dia
esquiando e, à noite, sair do resort para tomar uma loira gelada.
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