domingo, 16 de novembro de 2014

OSTERIA DEL PETTIROSSO: Uma autêntica cantina romana!

A culinária francesa, com seus molhos encorpados e gordurosos, me encanta. O jeito como a culinária japonesa se adequou ao paladar do brasileiro me agrada bastante. Quanto à extensa e diversa culinária brasileira, eu indago: tem como não se orgulhar? Feijoada, acarajé, moqueca, tapioca, carne de sol, pão de queijo e cia. Mas... Eu não posso mentir, a minha preferida é a culinária italiana.
É difícil ter um recheio que não fique bom na massa de pizza ou um molho que não harmonize com um espaguete ou um fettuccine.
Durante grande parte de minha vida, eu daria tudo para que o meu almoço fosse uma farta lasanha bolonhesa, com bastante molho de tomate, molho branco e carne moída. Ou um belo espaguete com molho branco em sua essência, mas repleto de queijos na sua composição.
E é aqui que entra em cena o meu marido, com sua descendência italiana e seu gosto pela gastronomia, para moldar o meu paladar.
Quando ainda namorávamos, o Daniel preparou uma massa caseira para mim. Quando eu digo que ele preparou, eu quero dizer que ele pegou a farinha, o sal e o ovo, misturou tudo, fez o espaguete e me mostrou com uma massa fresca é infinita melhor do que uma massa comprada pronta, ainda que essa massa seja da Barilla ou de outra marca conceituada no mercado. É lógico que eu já havia comido massa fresca em restaurantes, mas ninguém nunca havia aguçado os meus sentidos com o intuito de exibir o real sabor de uma massa artesanal.
E foi aí que eu entendi que molhos são feitos para complementar, mas não para mascarar o sabor do prato, como bem disse o premiado Chef inglês Michael Roux, na introdução do livro “Receitas de Molhos”: “Os molhos são a alquimia do cozinheiro, incrementando os pratos com os quais são servidos de forma mágica e extraordinária. Eles devem, porém, ser muito bem escolhidos, de forma a enfatizar os sabores do prato sem sobrepujá-los de nenhuma maneira. Um molho cuidadosamente preparado vai se integrar ao prato, tornar-se parte dele.”
 Hoje, por mais que adore um molho, eu quero sentir o sabor do espaguete, do fettuccine, do bucatini etc, pois essa é a verdadeira essência de um bom prato de massa.
E foi justamente por esse gosto que eu desenvolvi que amei a “Osteria de Pettirosso”, bicampeã na categoria “Melhor Cantina/Trattoria” (2013 e 2014) do guia Veja São Paulo Comer e Beber.
A casa é comandada pelo Chef Marco Renzetti, que prepara clássicos de sua terra natal, a capital italiana, Roma.
O cardápio é dividido em 2 opções: o “Menu Tradizione”, com prato romanos, nos quais o Chef não altera uma vírgula da receita; e o “Menu Fantasia”, onde o Chef expressa a sua criatividade em criações próprias. O cardápio segue a tradição italiana, indicando opções de primeiro (essencialmente massas) e de segundo prato (pratos mais robustos com proteína). Mas eu acredito que sejam poucas as pessoas que pedem dois pratos. Afinal, no Brasil, somos acostumados, exceto quando optamos por menu degustação, a pedir apenas um prato principal.
Numa segunda-feira, através do site do próprio restaurante (http://www.pettirosso.com.br/permita-se-uma-experiencia/), fiz a reserva para ir jantar no sábado seguinte. Aguardei por um e-mail de confirmação, mas como ele não chegou, na quinta, liguei para confirmar, pois, como o restaurante está disputadíssimo, imaginei que minha reserva talvez não tivesse sido realizada por indisponibilidade de mesa. Mas, felizmente, o atendente confirmou que a mesa estava garantida. 
A minha noite começou com o pé esquerdo, pois o “Bloody Mary” que eu pedi veio com duas argolas plásticas de lacrar garrafas de bebidas dentro do drink. Inicialmente, achei que fosse algo utilizado como decoração, mas quando olhei mais de perto, vi o que era. Pedi que o garçom trocasse e, depois, fiquei com aquela dúvida rotineira: será que ele levou até o barman, que tirou as argolas, complementou o drink e mandou o mesmo de volta à mesa? O drink novo, ao contrário do primeiro, tinha sal na borda do copo. Mas... quem garante que não foi apenas uma troca de copo? Enfim... como eu já bebi, melhor não pensar muito nesse “pequeno” detalhe. Abaixo, estou colocando uma foto da versão “premiada” do drink para vocês não acharem que estou de conversa mole (rsrsrs).


Nós pedimos duas entradinhas: a “Polenta e Spuntature” (pequenina porção de polenta ao molho de costela suína, toscana, tomate e funghi) e a “Insalata Mediterrânea” (mix de folhas, ervas, tomate confit e burrata). A polenta estava muito cremosa e o molho bem executado, mas confesso que não senti gosto nenhum de funghi. A salada estava montada de forma graciosa e a burrata, bem pastosa, compôs uma alquimia perfeita com o mix de folhas.  



De prato principal, escolhi o “Tonnarelli fini alla Carbonara”. Uma massa fresca, com cozimento adequado, servida com o clássico molho à base de ovos, queijo pecorino e pancetta. Embora o molho estivesse um pouquinho apimentado (estou melhorando... mas ainda continuo bem sensível à pimenta), eu adorei o meu prato, que parece fácil de fazer, mas demanda certos cuidados para que resulte numa considerável explosão de sabores.  
Aqui, eu abro um parêntesis para dizer que os embutidos são preparados na casa. Seguindo a tradição italiana, eles não usam embutidos defumados, como o bacon. Utilizam a pancetta, que, assim como é o bacon, provem da barriga do porco. No entanto, enquanto o banco é defumado, a pancetta é curada com sal e pimenta do reino.


A minha irmã e o meu cunhado dividiram o “Fettuccine Imperiali”, que custa R$ 110,00, mas serve duas pessoas. O prato nada mais é do que o tradicional “Fettuccine Alfredo”, preparado com esmero pelo Chef, que vai até a mesa finalizar a mistura perfeita de apenas queijo parmesão e manteiga (nada de creme de leite). Eu provei e achei essa massa simplesmente S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L.


Na hora da sobremesa, fiquei em dúvida entre o “Sformatino di polenta e miele alla sambuca, ricota bruciatta” (pequena torta doce de polenta, mel e ricota fresca assada) e o “Crema pasticcera com salsa alla frutta, Meringa, fragoline di bosco e pralina di nocciola” (creme pasteleiro, calda de frutas cítricas, suspiro, moranguinhos silvestres italianos e pralina de avelã). Estava mais inclinada a escolher a segunda opção, mas como o garçom falou que tinha manga na parada, acabei preferindo a primeira, que era um bolinho quente de milho, com massa aerada, servido com mel e um pedaço de ricota.


Meu cunhado pediu o Tiramisù. Como não provei, não sei dizer se estava bom. Mas achei bela e criativa a apresentação, por isso, resolvi colocar a foto para vocês verem.


A charmosa cantina dos Jardins proporciona ao paladar do comensal uma verdadeira viagem aos clássicos romanos. A massa é cozida no ponto certo e os molhos são meticulosamente preparados com ingredientes frescos, que transbordam qualidade e sabor.
Só achei que os garçons poderiam ser mais preparados. Eu reconheço que faço perguntas que poucos clientes fazem, como, por exemplo, a diferença entre o bacon, a pancetta e o guanciale. Uma pergunta que eu até aceito que o garçom não saiba responder, embora acredite que deveria, já que trabalha num restaurante que se orgulha dos embutidos que produz. Agora, eu perguntar como funciona o “Menu Degustação” e o garçom dizer que a casa não oferece este serviço é inaceitável! O profissional tem que conhecer as experiências que a casa oferece. Como eu insisti, pois tinha visto na Vejinha que o restaurante oferece o serviço, mas não tinha entendido direito como funciona, o rapaz chamou o Sra. Erika, esposa do Chef, que me explicou que, para vivenciar a degustação, é preciso, no momento da reserva, informar que quer fazê-la, assim o Chef irá deixar tudo encaminhado para o grande dia.
Quero voltar e provar o “Menu Degustação”... já imaginou um monte de pratos de massas desfilando pela mesa? Deve ser sensacional!    

INFORMAÇÕES:
Osteria del Pettirosso
Alameda Lorena, 2.155
Fone: (11) 3062-5338 e (11) 3062-4531



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