segunda-feira, 10 de novembro de 2014

POMODORI: não foi paixão à primeira vista, mas você me conquistou!

O mundo está em constante evolução e transformação. Então, por que nós, fatores fundamentais desta metamorfose universal, precisamos nos manter imutáveis? Se até mesmo a ciência se contradiz a todo momento, quem sou eu para formar uma opinião definitiva sobre um restaurante baseada em apenas uma experiência?
Quem acompanha o meu blog, viu que em setembro eu tive uma experiência meio frustrante no restaurante Pomodori. Que o garçom não soube me explicar direito como era uma das massas do cardápio e eu acabei pedindo um prato que não gostei.
Após o jantar, confesso que fiquei numa dúvida angustiante sobre escrever ou não escrever. Eu tinha amado o “Ravióli al Limone” servido como “Surpresa da Chef” no couvert, aprovado o atendimento desde o momento em que liguei para fazer a reserva e me encantado com a decoração ao estilo de uma Cantina chique. Será que valeria "detonar" o restaurante por uma falta de sorte na escolha do drink e do prato principal?
Certo dia, acordei decidida a escrever. Dirigi-me ao computador e acabei com aquele “martírio”. E, hoje, eu vejo que não poderia ter feito uma escolha melhor. E vou contar o porquê.
O meu objetivo, ao criar este blog, nunca foi simplesmente criticar um restaurante com o intuito cego de levá-lo à falência. Até porque seria muita pretensão da minha parte achar que um estabelecimento gastronômico mudaria seu status quo unicamente porque escrevi sobre ele. A minha intenção sempre foi narrar de maneira fidedigna as minhas experiências gourmet. Contando de forma detalhada as minhas impressões quanto ao atendimento, à decoração e, principalmente, à comida. Tudo isto para que o leitor tenha informações suficientes para decidir se quer conhecer o lugar.
No entanto, o meu desejo também é contribuir, se possível, através de observações construtivas, com o crescimento e aperfeiçoamento das casas que visito, porque, se isto acontecer, eu também sairei beneficiada, afinal, saberei que, ali, serei bem atendida e comerei feito uma rainha.
Por isso, fiquei super feliz quando a Chef Tássia notou meu desapontamento e me convidou para viver uma nova e autêntica “experiência Pomodori”.
Quem acompanha o programa MasterChef Brasil, viu a “lição de moral” que a Chef Paola Carosella deu na arrogante aspirante a Chef de Cozinha Sandra, quando ela não concordou com os jurados que o bacalhau por ela preparado estava oleoso. Paola falou algo mais ou menos assim: “Eu sou cozinheira profissional há 24 anos. Recebo mensalmente entre 3.000 e 3.500 comensais no Arturito. Se um cliente me chama e reclama que a comida está oleosa, ainda que eu acredite que não está, eu não discuto, eu concordo e digo que vou tentar melhorar”.
Essa é a essência de um verdadeiro Chef. Por mais que se saiba o que está fazendo, a razão de se fazer é entreter e bem receber o cliente, proporcionando um momento de prazer e satisfação ao comer a sua comida.
E foi isso que eu senti quando recebi o convite da Tássia Guimarães, pois, com uma simples atitude, ela se revelou uma profissional completa, demonstrando que, além de se preocupar com a elaboração do cardápio do Pomodori e com a execução minuciosa dos pratos, ela cuida atenciosamente da satisfação dos seus clientes e, principalmente, os respeita. Não importa se eles são ricos, famosos, ocupantes de cargos importantes ou uma pessoa qualquer, basta que sejam clientes e suas opiniões serão levadas em consideração. 
Então, eu fui, mais uma vez, no restaurante que foi escolhido pelos leitores da Veja São Paulo Comer & Beber como o melhor Italiano da cidade em 2014.
Neste momento, eu faço uma advertência. O Pomodori é um restaurante italiano de alta gastronomia. Por isso, não espere encontrar no cardápio, por exemplo, uma Lasagna Bolognesa ou um Spaghetti alla Matriciana. O prato mais tradicional que eu vi no menu foi o clássico romano Spaghetti alla Carbonara. Então, se você nunca comeu uma comida italiana sofisticada, vá preparado para fortes emoções (no bom sentido, claro!).
O menu oferece opções de entradas frias e quentes, mas, assim como da primeira vez, escolhemos o courvet, composto por pães, salame, Parma, antepastos e uma Surpresa da Chef.
Os pães, que anteriormente haviam sido deixados à mesa em pequenas cestas, desta vez, foram trazidos numa imensa cesta e servidos pelo garçom de acordo com a preferência do comensal.    
Eu optei pela focaccia e continuo achando que ela ficaria ainda mais macia e saborosa se estivesse quentinha.
Dos antepastos, a berinjela estava tão macia que se desmanchava na boca e a manteiga clarificada estava perfeitamente aromatizada com ervas.
Para nossa sorte, não tivemos uma, mas duas Surpresas da Chef. A primeira se chamava “Papa Pomodoro” e consistia num molho com generosos tomates sem pele coberto por uma torradinha. Os tomates levemente agridoces estavam com percentual zero de acidez. Para mim, esses tomates teriam ficado um verdadeiro manjar dos deuses se tivessem sido servidos com um pouco de spaghetti fresco ao invés da torrada.


A segunda surpresa foi um Nhoque de batata trufado com nozes e lardo (uma espécie de carpaccio de Panceta). O nhoque era pequenino, extremamente leve e suavemente banhado num molho pesto.


O escolhido como prato principal foi o “Ravióli duplo de cebola caramelizada e queijo grana padano ao molho de verduras”. Aqui, eu preciso dizer uma coisa: nunca havia comido uma massa tão delicada. O ravióli, de fato, é duplo, com uma “bandinha” recheada com cebolas caramelizadas e a outra com queijo grana padano. As duas “bandinhas” são ligadas uma na outra de forma tão peculiar que parecem ser uma coisa só. Eu tentei e acabei conseguindo separar os dois lados para mostrar para vocês.
O sabor é meio inusitado e só será apreciado por quem, assim como eu, gostar da mistura de doce com salgado.



Na hora da sobremesa, compartilhamos uma deliciosa “torta cremosa de banana com doce de leite especial e farofa de amendoim”. Eu tinha imaginado uma torta completamente diferente, com uma massa fina, uma camada inicial de banana, uma camada intermediária de doce de leite e finalizada com um merengue. Mas, na verdade, a torta lembrou uma cuca, com uma fina camada de massa, recheada com banana e finalizada com a farofa de amendoim, servida quentinha com doce de leite e uma delicada bola de sorvete.


Mudar de opinião faz parte da vida, por isso, eu digo: “Pomodori, não foi paixão à primeira vista, mas você me conquistou!”.


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