sábado, 6 de dezembro de 2014

Comendo em Buenos Aires: OVIEDO Restaurante

No mundo gastronômico, uma das revistas mais conceituadas e aclamadas é a inglesa “Restaurant”, que, anualmente, causa alvoroço ao anunciar a lista dos 100 melhores restaurantes do mundo. E a América Latina também tem a honra de ter seus 50 melhores restaurantes revelados pelo periódico.
Embora a premiação traga reconhecimento para os Chefs e divulgação para os estabelecimentos condecorados, ela também causa muitas controvérsias. 
Existem pessoas que não dão a mínima para essas listas e outras que, simplesmente, as abominam. Por um lado, eu até compreendo essas pessoas, afinal, muitas vezes não se sabe quem faz essas listas e quais são os critérios utilizados.
Em uma palavra, eu diria que elas são subjetivas. É muito complicado, num mundo do tamanho do nosso, com as milhares de opções que ele oferece (caros, baratos, simples, sofisticados, que servem comida italiana, mexicana, japonesa etc.), conseguir listar fielmente quais são os melhores restaurantes.
Não sei se por excesso de franqueza, ataque de modéstia ou apenas para não soar arrogante, Ferran Adrià, que teve seu extinto “El Bulli” eleito por 5 vezes o melhor restaurante do mundo, assim se pronunciou: “O melhor restaurante do mundo não existe. É besteira dizer que o El Bulli é o melhor. Não é uma coisa que se pode medir. Não é como vencer a prova de cem metros rasos. Só se pode falar sobre o mais criativo, o mais influente.” (Livro “Gurus da Gastronomia” de Stephen Vines).
Mas... digam o que quiserem, a verdade é que eu sou louca por essas listas!!! Porque, ainda que existam estabelecimentos melhores ou cujos pratos me agradem mais do que os preparados pelos selecionados, a probabilidade da comida e do atendimento dos templos condecorados serem bons é muito grande e, geralmente, são escolhidas casas que já se firmaram no mercado e cujos Chefs têm currículos invejáveis. Por isso, acredito que vale sim dá uma chance aos restaurantes que figuram nas famosas classificações da Restaurant.
Em 2014, a cidade de Lima, no Peru, acabou se destacando mais do que as outras pelas posições alcançadas, no entanto, Buenos Aires foi quem mais inseriu representantes na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina. E, das 11 enumeradas, na minha última viagem, tive a oportunidade de conhecer 4 delas. Uma foi o “La Cabrera”, sobre quem eu já escrevi no post passado e que ficou na 22ª colocação. Nos textos seguintes, falarei sobre o Aramburu (14º lugar) e o Tegui (9º). E, hoje, me debruçarei sobre o Oviedo, que abocanhou a 29ª posição.
O restaurateur Emilio Garip vai pessoalmente à feira e cuida meticulosamente da seleção dos ingredientes, por isso, hoje, o Oviedo se destaca pelos seus pescados sempre frescos e preparados com cuidado e técnica.  
Como alguém que conheceu a casa, eu aconselho: não tenha medo de, na terra da carne, abrir uma exceção e ir comer frutos do mar, porque, no Oviedo, você irá se surpreender com a qualidade, o aroma e o sabor dos pratos que compõem o cardápio. E, se não houver jeito de deixar a carne de lado, você encontrará, no menu, a exótica carne de javali, o tradicional lomo (filé mignon) ou o delicioso ravióli de cordeiro, que provei de outra pessoa e estava com a carne estupidamente macia e saborosa.
O salão tem uma decoração clássica e elegante e o atendimento (que na Argentina costuma ser mediano) é primoroso, com garçons atentos e sempre acessíveis.
Para garantir a nossa mesa, fiz a reserva através do e-mail reservas@oviedoresto.com.ar, com mais ou menos 1 mês e meio de antecedência. Fomos numa quinta-feira e a casa não lotou. Acredito que, ainda que você não faça reserva, seja viável conseguir uma mesa sem precisar esperar por muito tempo. Sem agendamento, de preferência, chegue cedo (até umas 20:30). Percebi que, em Buenos Aires, as pessoas costumam jantar tarde.  
O cardápio possui opções de entradas quentes e frias, mas nós ficamos apenas com o pequeno couvert servido espontaneamente pela casa. Assim que sentamos, trouxeram rapidamente um copo com lascas crocantes e sutilmente temperadas com pimenta e um pouco de gaspacho de tomate (sopa fria à base de hortaliças e tomate – lembra um pouco um vinagrete batido) para chucharmos as lascas. Depois, veio um leve creme quente também de tomate (não se deixe enganar pela foto, não é um pratão).



Para beber, pedi um Mojito. Não achei harmônica a mistura de rum, água com gás, hortelã e açúcar, mas não posso negar que estava refrescante. Quem manda, num restaurante com uma excelente carta de vinhos, pedir um drink? Acho que preciso rever os meus conceitos... ou melhor, as minhas preferências (rsrsrs)!


Na hora do prato principal, o escolhido foi o “Risotto com Langostinos”. Um bem executado e cremoso risoto de camarões, com o arroz quase deixando de ser al dente e um camarão com a carne bem macia. Não se espantem com o tamanho do prato! Eu o dividi com a minha sogra (que come tanto quanto eu!), então, a foto representa apenas meia porção.


O Daniel pediu o peixe do dia com quinoa salteada e camarões. Exalando frescor, o pescado estava perfeitamente selado, crocante por fora e se desmanchando por dentro.


Não tivemos a mesma sorte com as sobremesas. Achei o crème brûlée sem gosto e com pouco açúcar maçaricado. E odiei saber que a “Isla Flotante” era servida com calda de maracujá, ao invés do creme de baunilha ou do doce de leite que eu imaginei. Reconheço que, com relação a última sobremesa, o problema não foi o sabor ou o modo de preparo, mas simplesmente o componente que não agrada ao meu paladar: a calda de maracujá, que cobria toda a porção de ovos nevados.



Com o café, foram servidos diversos petit fours, que poderiam ser mais graciosos.


Apesar dos doces não serem o forte da casa, vale a visita pelos pratos principais que servem e os vinhos que têm na adega.

INFORMAÇÕES:
Oviedo
Antonio Beruti, 2602 (1425)
Fone: +54 11 4821-3741
Reservas: reservas@oviedoresto.com.ar

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