terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Comendo em Gramado (Parte II): Restaurante La Table D'or Mediterranée

Quando começamos a programar nosso feriadinho em Gramado, rapidamente cheguei ao “La Table D'or Mediterranée”, que, na época, estava cotado como o melhor restaurante de Gramado pelo site de turismo TripAdviso. As avaliações eram tão positivas, de pessoas tão deslumbradas com o serviço e a qualidade da comida, que imediatamente fiquei interessada.
Entrei no site da casa, vi o cardápio, achei o preço condizente com o que era ofertado e acabei por fazer uma reserva, com dois meses de antecedência.
Chegando lá, o atendimento realmente foi de primeira. Com a hostess abrindo a porta para nós, nos levando até à mesa, puxando a cadeira para mim e guardando a minha bolsa. Os garçons também foram muito polidos e pacientes, tirando todas as nossas dúvidas. E a decoração clássica, nas cores preto e prata, revelou-se um verdadeiro charme. Pensei: “a noite promete!”.
No entanto, bastaram que os pratos começassem a desfilar pela nossa mesa para que percebêssemos que alguma coisa estava errada. A comida, sem dúvida, era bem apresentada; porém, com alguns exemplares insossos e de execução irregular, e nenhuma delas extremamente saborosa.
A casa trabalha com serviço à la carte; “Menu Sugestão”, em que, dentre várias opções, o comensal escolhe duas entradas, um prato principal e uma sobremesa, pagando R$ 85,00; e um “Menu Degustação” em 8 etapas ao custo de R$ 98,00.
Quando o garçom entrega os cardápios, com o auxílio de um iPad, explica todas estas possibilidades, exibindo as fotos de todos os pratos. A técnica, a princípio, agrada, afinal, comemos primeiro com os olhos. Todavia, antes que ele chegue na metade da demonstração, você já está entediado(a) o suficiente, a ponto de torcer que ele acabe logo e te deixe à sós com o(a) seu(ua) parceiro(a).
Eu e o meu marido optamos pelo Menu Degustação, que teve início com o “Consommé Méditerranée”, consommé de alho-poró ao creme e ervas finas. Dizem as más línguas que o caldo entitulado de consommé não passa de uma água suja (rsrsrs), o que eu não posso discordar. Por isso, achei bem interessante a proposta do Chef de incrementá-lo com um creme e aromatizá-lo com ervas, o que o tornou mais robusto e sutilmente temperado.


Em termos de beleza, achei que o prato seguinte foi o que mais se destacou: “Champignon Paris”, champignon Paris com recheio de catupiry e parmesão ao Sauvignon Blanc e ervas finas. A apresentação estava linda, mas achei o prato bem sem graça. Não tinha sabor de catupiry nem de parmesão, só de vinho e cogumelo (que, só para constar, não é algo que me agrade). O Daniel achou bem saboroso e que estava no ponto correto. Complementou dizendo que pediria novamente.


Até este momento, embora não tivéssemos provado nenhuma iguaria D-E-L-I-C-I-O-S-A, posso dizer que o jantar estava correndo dentro do esperado. Foi apenas com a entradinha seguinte que as coisas começaram a sair dos eixos.
O cardápio tem uma descrição bem poética dos pratos, o que faz, inevitavelmente, o cliente fantasiar que sabores e texturas eles apresentarão.
A terceira e última entrada foi “Siri ao Béchamel”, descrita como siri com molho Béchamel gratinado. Com essas palavras, imaginei algo cremoso e suculento. Entretanto, tratava-se de uma casquinha normal de siri, temperado com azeite de oliva. Não era ruim, mas eu esperava molho branco e não óleo. Pelo menos, o siri estava bem desfiado e sem resquícios de casca.


As entradas eram pequenas, mas em tamanho proporcional ao que ainda seria servido.
O primeiro prato principal, conforme informação do garçom, é o carro-chefe da casa: “Crevettes et Truffes aux Formages”, camarões grelhados com trufas de mussarela e manjericão ao molho quatro queijos. O camarão estava bem temperado e grelhado com perfeição. O molho era corpulento e muito saboroso. No entanto, a massa recheada estava completamente insossa, sendo impossível degustá-la sem a companhia de bastante molho.


A medida que a noite ia avançando, um misto de desânimo e ansiedade foi invadindo o meu ser. Eu tentava reagir, torcendo para que o próximo passo da degustação fosse “o prato”, a verdadeira surpresa da noite. Mas, infelizmente, isso não aconteceu.
Em seguida, foi servido o “Bacalhau Méditerranée”, bacalhau em lascas, azeite de oliva, vinho branco, champignon, batata palha, azeitonas, salsinha e arroz coberto de castanha de caju. As lascas do bacalhau eram tão inexpressivas que pareciam, na verdade, bacalhau desfiado, dando a impressão de ter se originado das sobras de uma boa posta, e não desta. O sabor era aceitável, no entanto, a apresentação estava um tanto desleixada.


Como último prato principal, provamos o “Médallion à Fraise”, medalhão de filé grelhado com molho de morango reduzido com acento balsâmico e flambando com Cointreau, servido com penne ao molho quatro queijos. A carne estava macia e o molho de morango era gostoso. O penne, todavia, tinha passado, e muitooo, do ponto, ficando desagradavelmente mole. Ademais, ainda que o penne tivesse sido servido no ponto de cozimento certo, eu teria achado, como de fato achei, um acompanhamento duvidoso para o filé, já que os molhos, ao invés de harmonizarem, disputavam a atenção do comensal.


Iniciando a hora mais doce da noite, saboreamos o “Sucrérie du Lait”, que foi apresentado como doce de leite, mas era uma suculenta ambrosia.


Para finalizar, tínhamos três sabores de “Crème Brûlée” a nossa disposição: chocolate, pistache e baunilha. Eu escolhi o tradicional e o Daniel preferiu o de pistache, que foram maçaricados na mesa, pelo garçom.


Como “prêmio de consolação”, a noite serviu para confirmar uma “tese” que eu já havia elaborado há algum tempo: “Em termos de restaurante, não dá para confiar 100% nas avaliações do TripAdvisor! É preciso buscar em sites e blogs especializados a real situação do empreendimento, principalmente, se você é daqueles consumidores mais exigentes.”
Por fim, para não parecer injusta, esclareço que o “La Table D'or Mediterranée” não é um restaurante ruim, tem um atendimento cordial e um ambiente aconchegante, porém, precisa de mais atenção com a elaboração do cardápio e a preparação da comida. Com pequenos ajustes, com certeza, conseguirá oferecer o que se propôs a fazê-lo: ser um restaurante que pratica a alta gastronomia francesa. Afinal de contas, não adianta uma casca (atendimento e salão) lustrosa e sem ranhuras se o miolo (comida) não for doce e sedutor.

INFORMAÇÕES:
La Table D’or Mediterranée
Rua da Carrieri, 525, Lago Negro, Gramado – RS
Tel.: (51) 8151-8191

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