domingo, 16 de outubro de 2016

RESTAURANTE TUJU: Aguça a sua curiosidade!

Em 2015, o Guia Michelin publicou sua primeira edição brasileira, listando os melhores hotéis e restaurantes das capitais fluminense e paulista. Dentre os dez restaurantes paulistanos condecorados com uma estrela Michelin, estava o Tuju, um estabelecimento do qual eu ainda não tinha ouvido falar. E a leitura da sua avaliação no Guia serviu como uma chave de ignição para a minha curiosidade. Assim estava escrito: “Ivan Ralston é, sem dúvida, um dos mais promissores chefs do Brasil e seu Tuju, não poderia ser diferente. Entre com a mente aberta e se entregue a uma experiência única, que alia produtos majestosos com criatividade e técnica irrepreensíveis”. Com a mente aberta eu estava e, por isso, decidi fazer uma reserva para ir jantar.   
A reserva é feita através do site da casa e, para tanto, é preciso informar os dados de um cartão de crédito. Inicialmente, não será cobrado nada. No entanto, caso você não compareça e deixe de efetuar o cancelamento da reserva, será cobrado o valor de R$ 10,00 (dez reais) por pessoa – ex.: sendo a reserva para 2 pessoas, será cobrado R$ 20,00 (vinte reais) no cartão informado.
Com o jantar programado para o sábado, dia 1º de outubro, na terça-feira, 27 de setembro de 2016, foi revelada a lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, segundo o periódico inglês “Restaurant”, e o Tuju nela havia ingressado, na 45ª posição. Como sou dessas que curte uma classificação, adorei a novidade.
Localizada na Vila Madalena, a casa exibe uma arquitetura moderna e funcional, se valendo de todos espaços disponíveis para cultivar folhas e temperos, que serão utilizados pelo chef e sua equipe na preparação dos pratos. Além da horta, que pode ser visitada, há plantações na calçada e no espaço ao ar livre, que fica por trás do salão.



No salão, repleto de madeira, vidro e metal, ganha destaque a cozinha, que se exibe para os comensais logo na entrada do estabelecimento.


O atendimento é encantador, com garçons simpáticos, educados e gentis. O profissional responsável pela nossa mesa se chamava Lucca e nos atendeu com perfeição, explicando direitinho o funcionamento do restaurante, servindo e apresentando os pratos com primor.
No cardápio, são propostas três opções de menu degustação:
(1) Menu de 15 etapas (R$ 290,00; com harmonização de vinhos: R$ 440,00);
(2) Menu de 05 etapas (R$ 130,00; com harmonização: R$ 210,00);
(3) Menu Vegetariano de 05 etapas (R$ 130,00; com harmonização: R$ 210,00).
Ao contrário de outras casas, o Tuju possui um cardápio, no qual já esclarece ao comensal quais pratos serão servidos em cada degustação. Quem preferir, ao invés de participar da degustação, pode pedir separadamente qualquer dos pratos que fazem parte dos três menus, pois eles também trabalham com o serviço “à la carte”. Por isso, no cardápio, ao lado da descrição de cada uma das etapas, há o valor correspondente a cada prato, que será cobrado de quem optar pela versão “à la carte”. Vou colocar uma foto para que vocês consigam visualizar.


Analisando o menu de 15 passos, nos deparamos com umas iguarias que julgamos bem esquisitas, como, por exemplo, “brusqueta de língua e beldroega”, “éclair de ouriço e pó de alga codium” e “sequilho de carimã, iogurte da casa, conserva de bulbo de erva-doce e ovas de truta”. Assim, decidimos arriscar o menu de 05 passos, acrescentando apenas uma sopa do menu de 15 (você pode acrescentar passos de outro menu, que serão pagos à parte).
Embora todos da mesa precisem optar pelo mesmo menu ou, então, por pedidos à la carte, a harmonização de vinho não precisa ser escolhida por todos. Alguns podem fazer, mesmo que outro(s) assim não deseje(m). Como não sou muito de vinho, preferi explorar a carta de coquetéis e provei o drink azedinho-doce de nome “Florodora” (Gin Tanqueray com infusão de hibisco e azedinha, licor Chambord, ginger ale caseira, xarope de gengibre e limão-taiti).


Nosso banquete teve início com uma miscelânea de pães caseiros, que foram levados à mesa numa simpática cestinha de cerâmica. Os pães eram macios e frescos, com cores de encher os olhos e sabores de conquistar o paladar. Tinha brioche de abóbora com damasco, pães rústico, de castanha e de azeitona, e um delicioso croissant recheado com curau de milho. Servidos com manteiga, azeite e sal, mas que poderiam facilmente ser apreciados sem nada disso.


A primeira entrada era “Parati marinado, abacate, vinagrete e iogurte”. Parati é um peixe. Ele foi servido cru e seu sabor lembrava o de uma sardinha. Eu, que já falei diversas vezes que não curto peixe, achei o sabor extremamente forte. Meus companheiros de aventura falaram que, misturando todos os elementos do prato, o gosto ficava melhor. Mas, ainda assim, a combinação não me agradou.



No momento seguinte, foi servida a “Sopa de milho com camarão branco selvagem e couve-rábano”, que escolhemos do menu de 15 etapas. Sopa leve e aromática, com um toque de gengibre. Certamente, foi um dos destaques da noite.


Como segunda entrada foi servido “Varênique de mangarito com ovo de codorna, cebola caramelizada e castanha-de-pequi”. Eu não conhecia, mas o nosso garçom, Lucca, nos explicou que varênique é um prato judaico. Trata-se, tradicionalmente, de uma massa de farinha de trigo e ovo, recheada com purê de batata e cebola caramelizada, dobrada em meia lua e cozida em água fervente. No entanto, no Tuju, a massa ganhou um formato de lua cheia e passou a ser recheada com mangarito (um tubérculo) e ovo de codorna; a cebola caramelizada saiu do recheio e foi parar no molho, junto com castanhas-de-pequi. É um prato de sabor delicado e consistência aveludada.
  


O primeiro prato principal foi o “Peixe do dia, purê de limão, ora-pro-nóbis e curry”. Um peixe de carne macia e sabor muito suave. No purê de limão, obteve-se um equilíbrio perfeito entre doçura e acidez. Lembre-se que eu falei que não sou fã de peixe, mas A-M-E-I esse prato e voltaria ao Tuju só para apreciá-lo novamente.



O último prato salgado foi “Porco montau e salada de fava-verde”. Eu posso está falando a maior besteira do mundo, mas a impressão que meu foi que utilizaram alguma técnica da gastronomia molecular e modificaram a textura da carne, cujo pedaço não parecia ser nem filé nem picanha, era uma parte cheia de nervos e bem estranha. Definitivamente, não curti esse prato!



A sobremesa do Menu de 5 etapas era “Flor de sapoti e baba, infusão de vinagreira e sorvete de pêssego”. Mas o garçom nos informou que poderíamos trocar pela “Panacota com calda de jabuticaba, pitaia, mirtilo, pinhão tostado e sorvete de formiga”, que fazia parte do Menu de 15 etapas, ou pela “Torta de limão-cravo, castanha-de-pequi e sorvete de mel de jataí”, que compunha o Menu vegetariano. Eu escolhi esta última, que estava bem saborosa, com uma mistura interessante de sabores e texturas.     


No final, o resultado da experiência foi bem balanceado. O ambiente é bem decorado, agradável e confortável. O atendimento é primoroso. E se há pratos que decepcionam, há outros que encantam.
No cardápio, eles informam que os menus podem ser adaptados ao gosto do comensal. Então, a minha dica é: quando chegar, converse com o garçom, procure analisar o prato de cada menu, pergunte o que vem cru e o que vem cozido, e solicite as adaptações que entender necessárias. Não interferindo nas criações do chef, mas apenas solicitando a troca de uma etapa por outra, acredito que não se oporão.
Como dizia o Guia Michelin, vá de mente aberta. O conhecimento da alta gastronomia e a criatividade do chef, aliados a alimentos frescos e pomposos, aguçarão os seus sentidos e te proporcionarão uma curiosa refeição.    

INFORMAÇÕES:
Tuju
Rua Fradique Coutinho, 1.248 – São Paulo – SP
(11) 2691-5548

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