sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

As microcervejarias da NELSON 151

            A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no mundo e seu 2º maior produtor é os Estados Unidos, que perde apenas para China. E este posto ocupado pelo país norte-americano se deve, em muito, ao surgimento de várias microcervejarias espalhadas pelo seu território, responsáveis pela produção de cervejas artesanais, com aromas e sabores diferenciados.
O povo americano, extremamente patriota, tem consumido quase que exclusivamente cervejas nacionais. E nós, na nossa viagem de fim de ano, tentados a descobrir mais esta especialidade americana, aproveitamos para conhecer as três microcervejarias localizados na Rota 151 (Nelson 151): Blue Mountain Brewery, Devils Backbone Brewing Company e Wild Wolf Brewing Company.
Primeiramente, antes de começar a descrever nossas experiências gastronômicas e etílicas, preciso fazer duas observações:
1ª) fomos apenas almoçar ou jantar nos restaurantes das cervejarias e conhecer e provar suas criações líquidas, não participamos de nenhum tour, nem tomamos conhecimento do processo de fabricação;
2ª) como dito no post anterior, não bebo e não aprecio cerveja, embora meu querido marido se esforce arduamente para mudar esta realidade. Portanto, quando for falar das cervejas, utilizarei as impressões do meu cônjuge, Daniel, que entende mais dessa bebida do que eu de comida, pois, além de estudar constantemente, já fez cursos de degustação e fabricação caseira, bem como já bebeu 1.028 cervejas diferentes (todas devidamente catalogadas, frise-se!).
Esclarecimentos iniciais prestados! Passemos as análises…

I.     BLUE MOUNTAIN BREWERY


Fomos almoçar nesta microcervejaria no dia 24 de dezembro e a casa nos recebeu com uma decoração natalina na tonalidade azul, como não poderia deixar de ser.


Com um grupo de 13 pessoas e o restaurante sem aceitar reservas, chegamos cedo para conseguir lugar sem ter que esperar. Acabamos sendo acomodados em duas mesas fixas que ficavam uma ao lado da outra.
O cardápio é bem jovial, oferecendo várias opções de entradas, saladas, sanduíches e pizzas. Para começar, pedimos duas porções de "BMB Nachos" (tortillas chips caseiras servidas com queijo temperado com cerveja e pimenta, feijão preto, milho, salsa e jalapeños, finalizadas com sour cream) e de "Spinach-Artichoke Dip" (creme composto de alcachofra picada, espinafre em tirinhas, queijo, alho, sour cream e tomate seco, gratinado com mussarela e parmesão, servido com tortillas chips caseiras).
Olhando para os nachos, vocês podem se perguntar: que gororoba é essa? Trata-se de um prato tipicamente mexicano e, por incrível que parece, os sabores acabam se harmonizando. E o "doritos" chuchado (como diz o meu maridinho) no dip de alcachofra com espinafre fica bem gostoso. Só tenho uma observação a fazer: o dip poderia ser menos consistente. É impressionante como a tortilla de milho neutra harmoniza com vários sabores, sendo os mais comuns chilli com carne e dip de cheddar.



Nos EUA, é uma questão de segundos para sairmos da linha, pois a variedade de guloseimas é incrível. Já tendo exagerado nas entradas, não quis pedir sanduíche de prato principal. Optei por uma tradicional salada caeser (que é uma das minhas preferidas) acompanhada de tirinhas de frango grelhado.            


Nos restaurantes e bares que funcionam em conjunto com fábricas de cerveja, é bem comum encontrarmos nos cardápios o que os americanos chamam de "sampler flight", que nada mais é do que uma degustação de todas ou algumas cervejas produzidas no local. No caso da Blue Mountain Brewery, o menu apresentava apenas uma opção de sampler flight, que custava $ 9,00 (nove dólares) e continha amostras (copinhos de 75 ml) das 10 criações da marca: Blue Mountain Kolsch 151, Blue Mountain English Pale Mild Ale, Blue Mountain Full Nelson Pale Ale, Blue Mountain Evan Almighty, Blue Mountain Riprap Pale, Blue Mountain Cheer Beer, Blue Mountain Lights Out, Blue Mountain MacHayden’s Wee Heavy Scotch Ale, Blue Mountain Marsedon e Blue Mountain Foreign Stout.



O Daniel, que gosta bastante do estilo American Pale Ale, adorou a versão Blue Mountain Full Nelson Pale Ale, que é o carro chefe da marca. Meu primo, que toma cerveja como um brasileiro comum, ou seja, gosta do estilo Standard American Lager, erroneamente chamado de Pilsen no Brasil, preferiu a Blue Mountain Kolsch 151.           

II.    DEVILS BACKBONE BREWING COMPANY



Saindo de Wintergreen em direção à Rota 151, a primeira microcrevejaria que avistamos é a Devils Backbone. Talvez esse seja um dos motivos dela ser a mais concorrida das 3, mas eu arriscaria dizer que o motivo principal é o seu cardápio, que vai muito além dos appetizers e sanduíches.
Espaçosa e toda decorada com animais empalhados, nas mais diversas posições. É possível ver ursos pretos (lindos!), renas e veados dispostos pelo enorme salão.


De entrada, pedimos, mais uma vez, nachos (tortillas cobertas com pimenta moída, feijão preto, queijo picante e pico de gallo) e "backbone wings" (asinhas de frango com ervas e molho barbecue).


Se você já visitou os Estados Unidos, deve ter percebido que as porções servidas em restaurantes, de um modo geral, são bem grandes. O que é bem legal para quem come muito e meio constrangedor para quem, como eu, se satisfaz com pouco.
Na hora de escolher o prato principal, eu e minha mãe resolvemos dividir. Até bem pouco tempo atrás, eu notava que os americanos não gostavam dessa história de repartir, mas, dessa vez, não percebi aborrecimento nenhum. Talvez estejam mudando um pouco seus hábitos alimentares. O que, além de necessário, é muito saudável!
Escolhemos uma salada, composta de alface americana (e a "pergunta cretina" sempre era: será que eles também chamam de alface AMERICANA?), pepino, bacon bits, tomate levemente assado, cebola vermelha, molho de ervas e farofa de blue cheese. Pedimos, ainda, meio frango temperado com alho, páprica e alecrim, assado com glacé de bacon-honey mustard (deliciosa!) e acompanhada de couve-de-bruxelas e pão de milho doce, feito com batata. Esse pãozinho tinha consistência de bolo e, por incrível que pareça, harmonizou com a galinha, revelando-se uma guarnição perfeita.   



Chega até a ser irônico deixar para falar das bebidas por último, após narrar toda a refeição, pois, nos EUA, os garçons anotam primeiro o pedido das bebidas e depois voltam para anotar todo o resto. Em um caso ou outro, com um pouco de insistência de nós, os clientes, e simpatia do garçom, conseguíamos pedir bebidas e entradas simultaneamente. Como estávamos num grupo grande, foi fácil notar esse fato, algo que, até então, nunca tinha percebido.
 

Para bebericar, escolhi uma marguerita chamada de "Blood Orange" (numa tradução literal: laranja de sangue), o drink resultava de uma mistura de tequila, uma espécie de laranja com cor de sangue, limão e um xarope que não sei ao certo de que era (sage syrup... seria xarope de sálvia?). Coquetel refrescante e saboroso. Com certeza, pediria bis (se não fosse tão fraca!).
A Devils Backbone Brewing Company produz 12 cervejas, servidas na forma de chopp no brewpub. Não há opção única de degustação! Para provar todas, é possível pedir um copo de cada uma (lógico!) ou 3 sampler flight com amostras de 4 cervejas cada um. Apesar de ter pedido apenas 2 degustações, o Daniel acabou provando as 12, pois se aproveitou das amostras pedidas por outras pessoas. A favorita foi a "Eight Point IPA", uma American IPA.     

III.  WILD WOLF BREWING COMPANY
Na propriedade da Wild Wolf, encontramos o prédio do restaurante, interligado à cervejaria, e umas lojinhas, que comercializam, dentre outras coisas, gifts, temperos e acessórios. Eu diria que é uma vila bem charmosinha, com um laguinho e um moinho de água no meio.
Nossa mesa, para 10 pessoas, ficou no salão de entrada, onde fica o balcão com os souvenirs (placa, copo, camisas...) da marca. O estabelecimento é bem dividido. Tem, ainda, um bar nos fundos, um salão adaptado para o frio na área lateral externa e uma varanda na frente, que deve ser bem concorrida no verão.
O cardápio é bem farto, com várias opções de entrada, sanduíches, pratos e sobremesas. Como fomos à noite, acabei optando por um sanduíche recheado com frango desfiado com molho barbecue, acompanhado de coleslaw (salada de repolho com maionese que eu A-M-O!) e batata doce frita. Eu simplesmente adoro tubérculos (batata, batata doce, mandioquinha...) em suas mais distintas formas: cozidos, fritos ou amassados (purê)! O frango estava bem macio e o molho barbecue suave e delicioso.


As 11 cervejas da casa estão separadas em 2 sampler flights:
1º) com 5 beers da casa ($ 5,00): american pilsner, blonde hunny ale, wee heavy, dry stout e alpha ale;
2º) com 6 cervejas sazonais ($ 6,00): berliner Wolf, area 151 with peaches (com pêssego), wild wolf bitter, the local wolf, exquisitely evil ale e American stout.
Danzinho pediu as duas degustações, afinal, não quer perder nada. A cerveja que mais gostou foi a exquisitely evil ale. Entretanto, das três fabricantes, essa foi a que ele achou mais fraca.  


Mesmo não gostando de cerveja, adorei os nossos passeios (pois estava com a minha família e aí tudo fica maravilhoso!) e recomendo a quem estiver na região que aproveite cada um desses restaurantes e, gostando de cerveja, prove todas elas. 
Em Wintergreen é assim, dá para passar o dia esquiando e, à noite, sair do resort para tomar uma loira gelada.    
   

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